Carlos Luiz Azevedo Allemand, ou
simplesmente, Allemand como era tratado pelos seus amigos e confrades, nasceu
em Campos dos Goytacazes a 14 de outubro de 1935, fllho de Hugo Tavares
Allemand e Aina Azevedo Allemand.
Jornalista, formado na escola século XX São
Paulo. Técnico de contabilidade (Escola Técnica de Comércio Marcílio Dias Rio
de Janeiro capital). Começou suas atividades profissionais no Banco Andrade
Arnaud S/A, em 01/07/1955.
Em 1957, pediu transferência para a agência
de Pilares, que ficava mais próximo de sua residência, na época.
Permaneceu naquela dependência até 1965,
quando fo: por requisitado novamente para a sua antiga matriz, necessidade de
serviço.
Em dados biográficos narrados por ele, o
nosso amigo e confrade, Luiz Allemand, de saudosa memória, conta nas páginas do
seu livro “COLEGAS... ATÉ BREVE”. Livro publicado em 1986, que permaneceu na
matriz do Banco Andrade Arnaud, mesmo depois que o estabelecimento foi
encampado pelo BANCO HALLES S/A, embora tivesse trabalhado também nas agências
Cinelândia e Quitanda.
Em 1974, o Banco Halles S/A, foi incorporado
pelo BEG - Banco do Estado da Guanabara -, sendo que foi manejado para o DECOP
- Departamento de Controle de Processamentos - situado na Av. Nilo Peçanha, 175
- 12° e depois 19° andar, na sede Esplanada do Castelo.
Em seu livro "FRAGMENTOS E RECORDAÇÕES
DE MINHA INFÂNCIA EM CAMPOS”, publicado em 1988, com descrições simples e
humildes, como lhe era peculiar, nos conta da paixão que tinha desde criança
por este pedacinho maravilhoso do território brasileiro, onde está situado a
cidade de Campos dos Goytacazes e, como isso não bastasse para demonstrar o
amor pela cidade onde viu a luz da existência, continua contando com
arrebatamento extraordinário de um filho extremoso. Conta das paisagens
inesquecíveis e fascinantes, que nem a poeira do tempo conseguiu apagar da sua
memória.
Entretanto, só em 1976, conseguiu realizar o
grande sonho que acalentou desde sua infância: morar na sua cidade natal.
É que o BEG afixou um aviso de que
facilitaria a transferência de funcionários, para os locais que lhes fossem
mais convenientes.
O seu pedido de transferência foi aceito e
começou a trabalhar em Campos em 1976. Finalmente o sonho acalentado por tantos
anos, tornou-se realidade e Allemand, de volta ao ninho, pôde amenizar a
saudade que lhe oprimia o peito e no convívio com velhos amigos e confrades,
deu continuidade ao trabalho literário e radiofônico, conforme fazia no período
em que viveu no Rio de Janeiro.
Mas voltando ao seu livro “FRAGMENTOS E
RECORDAÇÕES DA MINHA INFANCIA EM CAMPOS", Allemand nos emociona, quando
conta que tinha sempre em seu poder um pouquinho de terra de Campos, que levava
condicionada em caixinhas de fósforo para o Rio de Janeiro, onde morava com
seus pais - Hugo Tavares Allemand e Aina Azevedo Allemand e seus irmãos:
Marília, Lígia, Eunice, Sônia Maria, Hugo Henrique e Antônio Fernando.
Seu pai era uma pessoa muito conhecida em
Campos como jogador de futebol, integrante do Americano Futebol Clube,
TriCampeão em 1919, 1920 e 1921 e um dos participantes da Seleção Campista de
Futebol; que em 14 de outubro de 1922, enfrentou e venceu a Seleção do Uruguai
por 3 x 1, quando esta visitou Campos em 14 de outubro de 1922.
Sua mãe Aina Azevedo Allemand, professora de
piano, formada pelo Conservatório de Música de Campos. Participou, como
pianista, de programas nas primeiras irradiações da rádio Cultura de Campos.
Regressou ao mundo espiritual em 1973.
Seu pai depois de uma passagem por
Vitória/ES, foi transferido para o Rio de Janeiro; era funcionário da Cia. de
cigarros Souza Cruz.
Porém, o futuro escritor, jornalista e poeta,
sempre que surgia uma oportunidade, visitava Campos, a fim de diminuir um pouco
a saudade que tanto doía em seu sensível coração.
Prossegue Allemand, descrevendo com detalhes
os passeios que fazia nos bondes do S.I.N.E. e conta de sua preferência em
viajar no primeiro banco, para observar a perícia do Motorneiro em manobrar o
carro, acionando manículas para dar partida e frear, vitalizando as rodas
mecânicas.
Descreve como mais agradável, o passeio que
fazia no bonde da linha Matadouro, isso porque viajava acompanhando a orla do
Rio Paraíba.
Lembra que não havia a estação rodoviária
Roberto Silveira e o povo concentrava-se em frente a "Casa do Macaco”, que
era localizada na rua Barão do Amazonas, ao lado do Mercado Municipal. Dos
passeios que fazia na oasa do seu tio Adalberto, em Gargaú e, que o ônibus
passava peIa ”Ponte de Pau” (Ponte que, em 1959, recebeu concreto na pista de
rolamento e passarelas e passou a chamar-se Ponde Dr. Barcelos Martins).
Vale a pena lembrar, que no tempo a que
Allemand se refere, não havia ainda as pontes General Eurico Gaspar Dutra, nem
a ponte Saturnino de Brito. Por isso, todo trânsito era feito pela antiga
“Ponte de Pau", inaugurada em 1873.
Lembra ainda, as corridas de bicicletas,
regatas, bandas de músicas, que abrilhantavam as festas e solenidades.
É impressionante a maneira como descreve os
passeios que fazia quando ainda criança, em um antigo casarão amarelo, na rua
do Príncipe nº 190, pertencente a família Patrão, da qual estava ligado, por ser
sobrinho de D. Maria Patrão.
Nos conta também, com toda florescência de
sua sensibilidade, do seu desejo em morar naquela antiga casa, porque segundo
suas próprias narrativas em seu livro “FRAGMENTOS E RECORDAÇÓES DA MINHA
INFANCIA EM CAMPOS”; as lembranças do passado deviam estar impregnadas em cada
pedacinho das paredes daquela habitação e, as recordações felizes dos tempos de
outrora; por certo sensibilizariam as fibras do seu coração saudoso, ainda mais
que perto dali, moravam os saudosos tios, Arina e Otacílio, que tinham como
excelentes vizinhos, o jornalista Carlos Amorim, pai do nosso colega inspirado
poeta Elcy Ferreira Amorim. E prossegue: Amo esta cidade e amarei sempre, por
amá-la assim é que tenho uma imensa saudade daquela Cidade singela e pacata de
meus dias de infância.
Seu pai Hugo Tavares Allemand, regressou ao
mundo espiritual em 1978, no bairro de Donana em Campos, uma rua ostenta o seu
nome, no Parque Bela Vista.
Allemand professava a fé espiritista.
Dele o poeta Pedro Caputti, diz o seguinte:
“...Iogo ele que a despeito dos seus cinquenta e um anos de idade, feitos em 14
de outubro de 1986, tem um espírito puro, como o de uma criança,
assemelhando-se a um anjo caído do céu e que encontra-se perdido na Terra. É
fraterno, cordial, amigo e conselheiro...” (do livro Colegas... até breve).
Filhos: Myriam, Alexandre, Sheila Aparecida,
Rose Aina, Joice, Alexandra e Robson, sendo que Alexandre e Sheila Aparecida,
já regressaram ao mundo espiritual em 1971 e 1973, respectivamente.
Pertenceu à Academia Pedralva Letras e Artes;
à Academia Campista de Literatura; à Associação de Imprensa Campista; à União
Brasileira de Trovadores - Seção de Campos; à Academia Anapolitana de
Filosofia, Ciências e Letras (Anápolis-Goiás), como membro correspondente; à
Federação das Entidades Culturais Fronteristas; à Academia de Letras da
Fronteira Sudoeste no Rio Grande do Sul; à Associação Uruguaianense de
Escritores e Editores; à Academia Internacional de Letras 3 Fronteiras; à Academia
de Letras Uruguaiana; ao Clube Internacional da Boa Leitura - de Uruguaiana,
Rio Grande do Sul; e a International Academy Of England - de Londres,
Inglaterra.
Publicou dezenas de trabalhos em jornais
como: Gazeta de Notícias (RJ), Monitor Campista, A Cidade, Correio de Campos,
Folha Nova (São João da Barra/RJ) e Correio Literário.
Publicou "A Última Mensagem - Notas
Biográficas de Hugo Tavares", "Do lodo nascem os lírios",
"Mensagem de Esperança", "Mensagem de Natal", "Visita
Histórica ao Solar da Baronesa" (folheto), "Relato dos 11 Jogos
Florais de Campos", "A felicidade: um Dom de Deus", "Janela
para o Infinito", "O Americano no Exterior" (sobre o Americano
Futebol Clube), "Um Homem a Serviço do Bem", "Cristo: Ainda um
Desconhecido?", "Cântico Sublime", "O Barquinho Azul",
"Fragmentos e Recordações da Minha Infância em Campos", "Até
breve" (folhetim) e "Conceição de Macabu".
Por último, o livro "CONCEIÇÃO DE
MACABÚ”, um livro escrito pouco antes do seu falecimento e com o prefácio do
professor Walter Siqueira, datado 24 de maio de 1988. Nesse livro, Allemand
esmiúça com riqueza de detalhes, a história da pequena cidade em que viveram os
seus avós paternos Enrique Allemand e Josefina Tavares Allemand, sendo que o
seu pai, Hugo Tavares, nasceu no distrito de Macabuzinho, na época chamado de
Paciência.
Os originais desse livro que segundo ele foi
um sonho acalentado por muitos anos, foi deixado para ser publicado no
departamento Editorial do Centro Espírita León Denis, na Rua Abílio dos Santos,
nº 137 - RJ.
Entretanto, falecendo o autor antes da
publicação, o prestimoso amigo e poeta Alcyr Ferreira Amorim, pagou a edição do
referido livro, com os seus próprios recursos financeiros. E no dia 15 de maio
de 1992 na livraria Noblesse, foi lançado o livro “Conceição de Macabu”,
realizando portanto o sonho do autor.
Sendo na oportunidade, também lançado o livro
de Dr. Marília Bulhões dos Santos Carneiro, com o título “Os Lírios do meu
Vale” e “Vendaval de Rosas”, do professor Walter Siqueira.
Nesse livro publicado após seu falecimento,
Allemand, relata minuciosamente tudo sobre Conceição de Macabu, até 1988.
Descreve sobre administração Pública: saúde,
obras, expansão econômica, estradas de acesso, distâncias entre várias cidades,
localização, limites, áreas, altitudes, clima, população, indústrias, serras,
rios, hotéis, clubes, educação, grandes vultos, melo de comunicação, crença
religiosa, datas de eventos, grandes personalidades Macabuenses, turismo,
colônia de férias, edificações antigas. Como a estação ferroviária, há tempos
desativadas. E até dos personagens populares.
Custeou um documentário, filmado pelo
cinegrafista Ruy Barros, no qual documentou o depoimento de diversas pessoas
ligadas a vida cultural de Campos, entre eles, estão o professor, poeta e
jornalista Walter Siqueira: poeta e jornalista Amaro Prata Tavares, Ozório
Peixoto, Dr. José Ferreira da Silva e tantos outros.
Nesse evento, colaborou o seu amigo o poeta e
trovador Manoel Junqueira Vieira.
Na noite de 24 de outubro de 1986, para
marcar a despedida com os funcionários do Banerj, promoveu uma noite artística,
no Sindicato dos empregados em estabelecimento bancários de Campos, na Rua do
Ouvidor, nº 129 o evento teve o apoio do Instituto Campista de Literatura -
I.C.L. e da Academia Pedralva Letras e Artes. Além da participação do cantor
Sérgio Fiúza, acompanhado do saxofonista, Jair “Dente de Ferro” e do organista
Jorge Martins, sendo que nos intervalos, apresentou-se o poeta e declamador,
Manoel Junqueira e Gil Fan (Isaias Carvalho de Azevedo), deu uma demonstração
de sua arte mágica. O mestre de cerimônias foi o repórter Adilson Dutra, na
Rádio Campos Difusora.
No mês de setembro e outubro de 1988, a
enfermidade começou a minar o seu organismo; internado, foi submetido a exames
médicos, constatou-se anemia, era também diabético, o que complicou o seu
quadro clínico, sua resistência física foi diminuindo, chegando a óbito no dia
19 de dezembro daquele ano.
Seu corpo foi sepultado em cova simples no
cemitério do Caju. Um pedacinho de terra da cidade onde nasceu e tanto amou,
recebeu seu corpo inerte.
Estiveram presentes ao seu sepultamento:
Manoel Leandro Filho, Manoel Junqueira, entre outros amigos e alguns
familiares.
Fonte: biografia escrita pelo Acadêmico Alceir Maia
Mendonça (adaptada).