Nascido em Campos dos
Goytacazes no ano de 1868, Mário Fontoura foi educador, diretor escolar e
fundador de jornais e revistas. Quando criança, foi auxiliar do bibliotecário
José Alfredo Carneiro, seu pai, estabelecendo vínculos com as letras, tendo o
contato com os livros influenciado diretamente em sua carreira. No Liceu de
Humanidades de Campos, fez o Curso Clássico, que conferia ao diplomado a
habilitação de docente no ensino elementar.
Aos quinze anos de idade,
começou precocemente sua carreira como redator do jornal fluminense “Gazeta do
Povo”, realizando campanhas para difundir valores republicanos, tanto no jornal
quanto em conferências no teatro municipal, acompanhado pelo campista que
chegou à Presidência da República em 1909, Nilo Peçanha. Mário Fontoura aderiu
de modo fervoroso ao movimento que culminou na abolição da escravidão e, por
conseguinte, no fim do regime monárquico.
Passou a conciliar, na
década de 1890, jornalismo e docência, começando a lecionar em escolas de
Campos. Posteriormente, assumiu a redação do Jornal “A Trombeta” e fundou o
Jornal “A Semana” – este último fechado após dois anos de sua fundação, em
virtude da mudança de Mário para Minas Gerais, sem registro do motivo.
Indo para Minas, destacou-se
enquanto professor, tornando-se diretor da primeira instituição de ensino
primária fundada na cidade de Ponte Nova, Minas Gerais, o Grupo Escolar Antônio
Martins e, enquanto redator, ao tornar-se responsável pela redação de um
jornal, tinha o conteúdo do periódico sob sua edição exclusiva, sendo
necessário fazer uso de pseudônimos para não ter seu nome repetido.
Deve-se destacar a
reconhecida importância da formação de Mário no Liceu de Humanidades de Campos,
instituição responsável por torná-lo um exímio educador e pedagogo, educando
com a sensibilidade de um artista, o que se observa em sua preocupação com os
pequeninos analfabetos desprovidos de recursos, para os quais fazia
imprescindíveis campanhas visando à arrecadação de donativos, fornecendo às
crianças roupas e merenda.
O educador era conhecido
pelas crianças pela maneira eloquente com que fazia uso das palavras,
utilizando poesias e discursos para lecionar e inculcar bons valores em seus
alunos, mostrando-se um diretor presente nas salas de aula para verificar os
rendimentos ao fim de cada mês.
Voltando para Campos, depois
de uma longa ausência de sua terra natal, acompanhou de perto tudo quanto dizia
a respeito da vida jornalística, colaborando em alguns movimentos tendentes a
sustentar o direito de opinião e a melhorar as condições materiais de imprensa.
No dia 5 de outubro de 1951,
aos oitenta e dois anos, morreu na rua Tenente Coronel Cardoso, em Campos,
tendo composto uma vasta obra literária, com a qual contribuiu virtuosamente
com todas as empreitadas de que fez parte, dando nome a uma rua em Ponte Nova e
eternizando sua memória na cadeira catorze desta Academia, o que, nas palavras
de Pedro Manhães, é a melhor homenagem que a Pedralva poderia prestar a esse
ilustre campista: ter seu nome numa academia é como cinzelá-lo numa rocha, é
para a eternidade. Por falar em eternidade, deixo um exemplo da arte literária
deixada para nosso deleite poético:
NASCER, MORRER
Nos olhos, nasce a lágrima, que os deixa;
o martírio, no peito; nas fugaces
desilusões da mocidade, a queixa:
tu na minha alma nasces.
Morrem do amor os mais estreitos laços;
nos lábios teus, o riso, que desatas;
o sol no ocaso expira, e, em teus abraços,
morro, porque me matas.
Olha, aqui, vive a música nas rimas:
se é nos teus sonhos que o meu nome vive,
vivo, porque me estimas.
Porém, se tudo, de que sou cativo,
tem que morrer, como outro amor que eu tive,
morro... porque sou vivo.
Conclui-se: Mário Fontoura vive no eco de sua
notável memória.
*Biografia retirada do discurso de posse do acadêmico Ronaldo Henrique Barbosa Junior, que o escreveu com base nos estudos de Pedro Batista Manhães.